" A informação se transmite, o conhecimento é adquirido através de informações."concatenado por Brenda

sábado, 8 de outubro de 2011

Poesiando






Esses dias, num momento sem aulas, ficamos pelos corredores a conversar. Sim, nós, os defenestradores. O assunto era o mais diverso possível, passamos por livros, filmes, pessoas e poesia. Foi quando tive a gentil surpresa de descobrir que o meu noivo faz parte do círculo de leitura de Yonarah, nossa defenestradora. 

Não é por ser meu noivo e porque estou querendo mimar. Na verdade, o pernambucano em questão, é realmente um dos melhores escritores modernos que conheço. Adianto que a minha admiração pelo rapaz começou justamente pelos seus poemas. Depois esbarrei com o autor e... enfim, são anos já.

Ele despertou meu gosto pela literatura, me apresentou novos poetas, foi me abrindo as portas para um universo muito amplo e cheio de possibilidades. Por isso, quero apresentar o meu poeta. E nada melhor, que começar com um texto dele.




Meu novo e velho mundo imaginário



Se eu tivesse em mãos os poderes de um deus, ao invés de construir, eu destruiria tudo. E não levo mais que um dia fazendo isso. Começo por destruir todas essas invencionices modernas e dizimo todas as grandes e vaidosas cidades metropolitanas, junto com suas estatísticas de renda, miséria e consumo. Derrubo arranha-céus e no lugar deles levanto florestas densas e bonitas; colinas verdes e virgens cheias de lírios e girassóis, ao invés de morros e favelas. Destruo o asfalto e deixo somente a trilha lamacenta ligando os vilarejos separados por milhas e milhas de terra inabitada e ar fresco. Nos vilarejos, ponho crianças brincando na grama verde e molhada e assim expio os olhos tristonhos e amedrontados dos meninos e meninas dos tempos de aquecimento global e, não obstante, sombrios. E mais: em cada vila deve haver pelo menos uma taberna, grande e confortável, para o divertimento de todos. Deixo também que criem um panteão de deuses, pois nenhum deus quer a responsabilidade de tudo só para si. Então, podem criar deuses do que quiserem: do céu, do ar, da água, do fogo, do que seja, portanto que os cultuem, lutem e dêem a vida por eles. E derramem sangue, bastante sangue, porque eu estou somente mudando a disposição das coisas, mas a matéria é a mesma, a essência é a mesma, os bonecos são os mesmos homens de sempre, e se tratando dessa matéria, sangue e morte nunca deixarão de existir. Só não quero guerras disputadas em grandes salas frias, com super computadores que aguardam somente um comando para dizimar todo um povo. Não, essas guerras eu reprimo com veemência. Quero mais é a guerra frente a frente, face a face, e a contagem imediata de quantos caem no campo de batalha. Assim é mais emocionante, mais bárbaro e muito mais fácil de criar heróis e mártires, o que muito me alegra. Em tudo o que há no mundo agora, somente uma coisa permaneceria intocável: você. Seu brilho sobrevive através de todas as Eras do mundo, as possíveis e, inclusive, imaginárias.



Naufragado Poeta


O sol recifense desperta
E, espreguiçando-se ainda,
Livrando-se do torpor da noite,
Com seus primeiros e fracos raios de calor,
Depara-se com uma cena curiosa:


Eu vou, sozinho numa humilde canoa,
Remando com meus remos de plástico
Pela Bacia do Pina,
Como um sobrevivente de um naufrágio
Em busca da ilha perdida.


As águas estão calmas
E se vê as margens a terra lamacenta do mangue,
Enquanto a maré baixa
Contrapõe-se à enchente na minha alma.


As pessoas sobem a ponte lá em cima,
Dentro dos carros e ônibus
E me observam até a descida:


Tomam-me por pobre pescador,
Daqueles que nem
Rede de pesca
Tem.


Quando eu sou apenas um poeta
Fugindo do naufrágio da vida.



André Espínola




O moço é Pernambucano, do Recife.
Tem 26 anos.
É autor de  Escritos Desesperados (2007), Poemetos (2009)  Poeta Vagabundo e Papel higiênico de poesias imperfeitas (2009).

Pode ser lido em:

André Espínola - Blogspot
Interpoética - Cardápio de poesia - André Espínola
Recanto das Letras

Ah, sim, pra comprar, é aqui:
Escritos Desesperados

E eu sou fã de carteirinha de tudo que ele escreve. Ah, além de tudo, amo.





Beijos, meninos e meninas.


Melzinha.



Um comentário:

  1. eaieuaheahauiha essa minha noiva é muito exagerada, né? :) São só algumas loucuras que escrevo de quando em quando, que bom que tem gente que se interessa também :D

    Todos convidados a embarcar nessas letras desse poeta vagabundo aí eaiuheaiuhaieuhe

    Valeu amor, te amo! :**

    ResponderExcluir